26 de fevereiro de 2011

“Bunitona hein chefe...”

Uma tarde de sábado com muitas: barriga cheia, aquela preguiça batendo feio e o mesmo desânimo de sempre por ter que ir trabalhar...
Aliás, me lembrei daquele comercial da Honda em que o cara liga em casa fingindo que está na balada, mas na verdade está no trabalho fazendo horas extra e aparece o slogan “Ele quer um Honda City”. Pois é no meu caso o slogan seria “Ele tem que pagar um Citycom”

Pois bem, lá estava eu de Citycom indo ao trabalho passando por uma avenida de grande fluxo que divide os municípios de Goiânia e Aparecida de Goiânia quando, como sempre, percebo no retrovisor uma moto “CG-Style” fazendo de tudo para se aproximar, coisa que só conseguiu quando parei num semáforo vermelho.

No semáforo o condutor da CG 150 Sport grafite levanta a viseira do capacete, tira um raio-x do Citycom e não consegue segurar o comentário:

- Bunitona hein chefe...
- Eh... – digo eu. Ai o homem continua:
- Pena que o que tem de bonito tem de lerdo!
- Como assim? – pergunto eu.
- Ué, esses trem num anda nada, só faz barulho.

Fiquei alguns segundos sem saber o que dizer. Pensei comigo mesmo: será que ele ta falando no meu scooter o da moto dele? Será que entendi direito?
Então retruco:

- Você já andou num desses?
O cara responde apressado:
-  Já! Um amigo meu comprou um vermelho ano passado mas vendeu em dezembro porque não andava.
- Estranho – digo eu – porque esse scooter aqui foi lançado justamente no final do ano passado e, até onde eu sei, só tem o meu rodando em Goiânia. Além do mais esse aqui só tem branco, preto e azul.
- Não – diz o homem visivelmente sem graça – o do amigo meu era desse aí mesmo, só que vermelho.

Em fim, seja qual fosse o scooter do amigo, se é que realmente existiu, com certeza não era um Citycom. Além do mais não estava nem um pouco afim de levar aquela conversa chata adiante. Como diz o meu sábio pai: “...é difícil convencer um porco a apreciar chocolate” .

É claro que dentro da minha cabeça estava a firme convicção de que eu DEVIA provar pra ele que estava errado. E assim fiz.
Fitei o semáforo que nem piloto de fórmula um aguardando a largada e, assim que a luz verde apareceu, acelerei fundo.
Ele também.
Aliás, nos primeiríssimos metros ele saiu na frente esgoelando a pobre CG até o corte de giros, mas logo logo o torque dos 267cc do Citycom fez bem seu trabalho e o maxi scooter ultrapassou a CG Sport sem o menor problema.

Final da história: mais um CGzeiro ferido no orgulho, carregando a desonra de ser deixado para trás por um trem bunitão que num anda nada.


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Obrigado pela leitura! Até a próxima!
(favesi@gmail.com)



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18 de fevereiro de 2011

Caso Érika: final feliz! Parabéns à Dafra, já a concessionária...

Olá a todos!

É com muito prazer e satisfação que escrevo essa postagem para contar como foi o desfecho do “Caso Érika” (postagem do dia 15/02/11).
Recebi hoje um e-mail da leitora me atualizando sobre a situação: depois de dias de angústia e revolta pelo comportamento da concessionária de Niterói/RJ, a Érika escreveu:

Hoje as 10:30 recebi uma ligação da concessionária Dafra de Niterói, avisando que minhas peças em garantia chegaram. Depois de reclamar bastante, o problema foi finalmente resolvido! Vou amanhã instalar as peças.

Ponto pra Dafra, que está se esforçando para melhorar a visibilidade da marca!

A leitora chegou a fazer um vídeo e publicá-lo no youtube como forma de protesto, mas felizmente não foi necessário. Aliás, considerando que a reclamação à Dafra foi feita por e-mail no dia 07/02, devo reconhecer que o prazo para resolver o problema não foi dos mais longos: apenas onze dias.

E com isso temos dois casos de final feliz com a Dafra: o meu da “borrachinha” e o da Érika – bem mais sério – das carenagens.
Mais uma vez, vejo uma marca seriamente empenhada em ganhar seus clientes, uma Dafra disposta a entrar na briga como “gente grande”, uma empresa que almeja enterrar seu passado conturbado e escrever uma nova história. Parabéns!

Infelizmente, permanece a crítica quanto à concessionária pela falta de empenho em lutar em nome da cliente e pela falta de profissionalismo dos responsáveis pelo pós-venda.

Mas, como se diz no meu País, “sbagliando si impara”, ou seja, “errando se aprende”. Que o pessoal de Niterói faça tesouro dessa experiência e faça bom proveito disso no futuro.


Érika: muita boa sorte para você e... bom Citycom! rsrsrsrs



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15 de fevereiro de 2011

Bom atendimento da rede Dafra: regra ou exceção?

Olá a todos!

Na postagem de hoje – muito longa por sinal – faço questão de tornar pública uma situação muito desagradável que me foi relatada pela leitora Érika de Niterói (RJ) no dia 6 de fevereiro. Aliás, creio que ninguém como ela poderia contar melhor o que aconteceu, por isso vou colocar aqui o texto do e-mail que me mandou.

Oi Fabrizio

Curto muito o seu Blog, acho que vc escreve muito bem, inclusive foi uma das minhas fontes de consulta para decidir de vez pela compra da citycom.

O que ocorre é o seguinte: dei uma parte de entrada no cartão, antes de haverem motos disponíveis para a venda. Alguns dias depois fui informada pela vendedora que a minha moto já estava disponível na loja. Fui até a loja e verifiquei que a moto ia ser entregue a mim avariada. Como vc pode verificar nas fotos, o acabamento da manete está quicado e a borracha do parabrisa, está porcamente colada com superbonder... estragando todo o escudo

Agora me pergunto eu, se é certo que uma moto seja apresentada a um cliente nesse estado? Será q a Dafra realmente preza pelos clientes?
Pelo visto continua com a mesma política de venda dos anos anteriores. Eu já fui infelizmente proprietária de uma Laser e tive que vende-la a fim de me ver livre do problema. Tenho certeza que foi a melhor coisa que eu fiz.

Não sei se desfaço negocio na moto ou pego assim mesmo, com uma ressalva na nota e meto no pau, se não me derem as peças.Pelo que li sei que a City é uma boa moto e vai me agradar, mais é uma pena que tenha caído na mão da Dafra...

O que vc acha Fabrizio?

Abcs

Erika Grigorevski

Antes de prosseguir quero lembrar a todos os leitores que eu não trabalho na Dafra nem para a Dafra nem sequer tenho qualquer ligação com qualquer loja ou com a empresa em si, a não ser pelo fato de ser proprietário de um scooter dessa marca. O que acontece é que, inevitavelmente, a partir do momento em que comecei a escrever sobre meu querido Citycom acabei me tornando uma fonte de informação e um ponto de referência para os interessados e para os outros donos do maxi scooter Dafra.

Mas voltemos ao caso: juntamente com o e-mail a Érika me mandou o link do seu Orkut, no qual postou umas fotos de como o scooter se encontrava na loja Dafra de Niterói, fotos que podem ver logo abaixo.

(clique na foto para ampliar)

(clique na foto para ampliar)

Como podem observar a pintura apresenta arranhões e o pára-brisa foi fixado com cola visivelmente borrada: um acabamento inaceitável até mesmo numa moto usada e totalmente inadmissível num veículo zero km prontinho para ser ansiosamente retirado pela nova proprietária.

Em resposta à reclamação da Érika sugeri a ela que não aceitasse o scooter naquelas condições, que não assinasse nenhum documento e que comunicasse o ocorrido à matriz por e-mail. Eu mesmo acabei fazendo isso enviando pelo site da Dafra a seguinte mensagem:

Prezados Senhores,

Desde novembro de 2010 sou o feliz proprietário de um Citycom 300i e venho mantendo um blog no qual posto minhas experiências e outras coisas sobre meu novo scooter e a Dafra. Esse blog já conta com muitos seguidores e acabei me tornando - sem querer - um ponto de referência para muitos interessados ao maxi scooter que a Dafra está vendendo.
Infelizmente recebo também reclamações e relatos sobre o comportamento inadmissível de algumas de vossas concessionárias que, talvez por um inexplicável complexo de inferioridade, acha que cliente Dafra aceita qualquer coisa e não merece o respeito e a atenção de um de outra marca.

Recebi, por exemplo, a reclamação de uma mulher chamada Érika que já pagou parte do seu Citycom branco mas que, na hora de retirá-lo na loja, lhe foi apresentado com graves falhas no acabamento e com a pintura visivelmente arranhada. Disseram a ela que isso “acontece” e que depois arrumariam, mas eu orientei a moça a não retirar a moto da loja porque isso não é o comportamento que esperamos quando compramos um veículo novo por R$ 12.850,00 (com o mesmo valor existem opções "de grife" que são entregues em perfeitas condições).

Solicito, pelo vosso bem e pelo bem da imagem da Dafra, que entrem em contato com a vossa mais nova cliente pelo e-mail ----------@-----.com.br e procurem satisfazê-la como todo cliente merece.
Ela chegou a fotografar a moto na loja e postou as fotos na rede social Orkut, o que pode ser uma publicidade muito negativas que tornaria vãos os esforços e os investimentos que a Dafra vem fazendo em comerciais de TV e imprensa em geral.

Grato pela atenção.

Como já aconteceu comigo em ocasião do batente do banco, a Dafra respondeu em poucas horas avisando que tomaria as devidas providências com a concessionária e buscaria uma solução quanto antes. A própria Érika me disse que a Dafra entrou em contato com ela dizendo que o problema seria resolvido em breve.
No entanto, devido a problemas de mobilidade, a leitora optou por retirar a moto naquelas condições, mas exigiu que fosse colocada uma ressalva na nota fiscal quanto ao estado da moto e que a mesma fosse assinada pelo gerente da concessionária.

Até ontem (14 de fevereiro) nenhuma atitude foi tomada nem pela concessionária nem pela própria Dafra, o que me deixa extremamente desapontado, pois se por um lado percebe-se nitidamente o esforço da empresa para sair do limbo do anonimato e subir no pódio das grandes marcas, por outro constata-se falta de organização e, principalmente, de comprometimento de toda a estrutura.

Como escrevi em outra postagem, a Dafra precisa compreender que em situações como essa é preciso antes de tudo capacitar sua linha de frente (as lojas) e tomar consciência de que numa empresa desse porte todas as engrenagens precisam estar ajustadas e trabalhando em sincronia para não prejudicar a si mesma e a seus clientes.

Amigos dos altos escalões da Dafra, zelem pelo vosso nome e pela vossa marca sem complexo de inferioridade!
Sei que a BMW não confiaria a produção de uma moto na vossa linha de montagem se não soubesse do seu potencial. Sei que um gigante internacional como a SYM – que já foi subsidiária da Honda – jamais arriscaria seu nome num mercado promissor como o do Brasil sem conhecer a fundo a empresa responsável por montar e vender seus produtos.
Então façam valer esses argumentos e tratem os clientes que apostam em vocês com o carinho e o respeito que merecem!

Ao ser questionado sobre isso, um funcionário da Dafra me disse: “você acha que gerente de loja Dafra ganha igual a gerente de loja Honda?” deixando claro que o mau atendimento seria fruto dos salários baixos que a Dafra pagaria a seus gerentes, supervisores, vendedores, etc. e à falta de investimento na capacitação do pessoal. Se assim for a empresa precisa rever seus conceitos de investimento em recursos humanos...

Pessoalmente não tenho o que reclamar, pois o atendimento no meu caso sempre foi tempestivo e muito satisfatório.

Em ocasião da revisão dos 3000km - que fiz ontem - os amigos da Renauto Motos de Aparecida de Goiânia se demonstraram mais uma vez muito competentes: me entregaram a moto dentro do prazo, em perfeitas condições e atenderam a todas solicitações de verificação que fiz. Os parabenizo por isso e convido todas as concessionárias do Brasil a seguir o exemplo.

O que me pergunto agora é o seguinte: o meu caso é a regra ou a exceção?



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2 de fevereiro de 2011

Potência e Torque: você sabe a diferença?

Olá a todos!
Como já escrevi em outras postagens, o Citycom atrai muitos olhares na rua e, nos semáforos, desperta a curiosidade de motoristas e motoqueiros, alguns dos quais jogam aquela “olhada disfarçada” para tentar esconder o interesse, outros mais extrovertidos olham, analisam e perguntam um monte de coisas. E geralmente as primeiras perguntas costumam ser: “Qual é a potência?”, “Quantas cilindradas tem?”, “Quanto pega de final?”.
É justamente sobre essas questões que pretendo falar hoje, ciente do risco de parecer um tanto chato e “metido” (rsrs).

Em primeiro lugar faço aqui um apelo a todos: ao falar de um carro ou uma moto parem de usar o termo “cilindradas” no plural! Isso é errado! A “Cilindrada” não é uma peça, e sim a unidade de medida que indica o volume total do(s) cilindro(s) de um motor a combustão, ou seja, a quantidade máxima (em centímetros cúbicos - cc) de mistura ar/combustível admitida por todos os cilindros do motor. Por exemplo, quando dizemos que a cilindrada do Citycom 300i é de 267cc, significa que com o pistão em seu ponto morto inferior, o cilindro tem volume máximo de 267 centímetros cúbicos. Nos motores com mais de um cilindro a cilindrada total é dada pela soma do volume de todos eles, isto é, numa Kawasaki Ninja 250 com motor 2 cilindros, a cilindrada total é de 250cc e a unitária é de aproximadamente 125cc por cilindro. É comum que esse valor seja arredondado ao descrever as características de um motor, por isso os 267cc do Citycom viraram otimistas 300cc, enquanto os 249cc da Ninja viraram plausíveis 250cc.
Espero ter me expressado com a devida clareza, de qualquer modo lembrem-se: o correto é dizer “a cilindrada do meu carro é 1.6” ou “qual é a cilindrada desse scooter?”, ok?

Vamos agora a outro problema: potência e velocidade final. Ressalto de antemão que esses dois valores por si só não dizem absolutamente nada sobre o comportamento de um veículo, pois devem ser relacionados a outros fatores extremamente importantes como peso, torque e rotação à qual os valores máximos são obtidos pelo motor.
Lembro-me que quando era pequeno o meu pai tinha um carro que, pelo menos no papel, tinha tudo pra ser bem “experto”: 80cv de potência e velocidade final de 165 km/h; de fato, porém, o carro era muito lerdo: os 80cv só apareciam com o motor esgoelado a 7.600 rpm e para alcançar os 160 por hora no velocímetro era preciso ter muuuuuita paciência, isso sem contar as ultrapassagens (uma empreitada nada agradável).
Fiz essa premissa para que entendam o quanto é importante saber o que são potência e torque de um motor e como eles afetam o prazer de dirigir um carro ou pilotar uma moto ou um scooter. Então vamos lá...

Torque

Tecnicamente falando, o torque é a capacidade dos gases de combustão presentes no cilindro de fazer girar o virabrequim, ou seja, de produzir uma força capaz de mover o veículo (força motriz) e está diretamente ligado à cilindrada do motor (quanto maior o volume de gases no interior do cilindro, maior a força que exercem).
Quanto maior o torque, mais rapidamente e mais facilmente o motor girara e coloca o veículo em movimento, com evidentes benefícios na qualidade e no prazer de dirigir. Já que um motor não consegue gerar sempre a mesma força no seu ciclo de funcionamento, o valor de torque não é sempre constante, mas varia no arco de funcionamento do motor. É interessante dizer que, ao contrário da potência, o torque (ou força motriz) não cresce sempre proporcionalmente ao número de giros, mas tem comportamento próprio que pode ser representado sob forma de uma curva: inicialmente essa curva possui direção ascendente, ou seja, aumenta junto ao número de giros do motor, depois se mantém constante por certo intervalo de rotação e, por fim, apresenta um trecho decrescente mesmo com a rotação do motor aumentando. O valor de torque divulgado nas fichas técnicas dos veículos a motor corresponde ao pique da curva de torque e na maioria dos casos encontra-se aproximadamente no meio do campo de utilização do motor.
Observemos, por exemplo, as duas curvas de torque nas figuras abaixo: 

 fig.1


 fig.2

no primeiro caso (fig.1) temos um motor cuja força aparece já desde as rotações mais baixas (2300 rpm) e se mantém constante durante boa parte do tempo, caindo apenas com o motor próximo das 6000 rpm, resultando num motor “cheio” em quase todas as rotações; já no segundo (fig.2) caso temos um motor que se mostra fraco nas rotações mais baixas e começa a ganhar certa força ao redor das 4000 rpm, mas só alcança o valor máximo pouco antes das 5000 rpm, o que obrigará o motorista a manter os giros bastante altos para conseguir a esperteza de que precisa.
Do ponto de vista prático, portanto, o torque expressa a força que o motor possui de deslocar o veículo e, ao contrário do que muitos pensam, ele está muito mais ligado ao prazer de dirigir e à esperteza de um motor do que a potência máxima.

Potência

Para compreender o conceito de potência de um motor irei me apropriar de um exemplo que li tempo atrás num livro de física e que achei esclarecedor.
Pegue uma bicicleta e acorrente-a a um poste, em seguida suba nela e faça toda força que puder sobre os pedais: obviamente não sairá do lugar, mas não por falta de força aplicada (torque), pois suas pernas estarão exercendo-a, mas porque há outra força a ser vencida que impede o movimento. No caso do motor, se alguma força contrastar sua força motriz (torque) não haverá movimento algum e isso lhe impedirá de expressar sua potência, já que esta é a medida da quantidade de trabalho produzida em determinada unidade de tempo, ou seja, é uma grandeza estritamente dependente da presença de movimento (ou rotação, no caso dos motores).
A curva de potência de um motor, portanto, apresenta andamento independente e diferente da curva de torque, pois sempre aumentará com o aumentar das rotações por minuto (RPM) com exceção do último trecho, em que o incremento de giros do motor não é suficiente para compensar a queda do torque.
Na prática, a potência afeta basicamente a velocidade máxima que um veículo pode alcançar, mas não suas retomadas, que ficam por conta do torque.

Assim, é possível que um motor com menor potência e maior torque traga ao motorista uma sensação de “força” mais empolgante do que outro com potência mais alta e torque menor. Além do mais, se um motor possui torque e potência elevados, mas que só aparecem nas rotações mais altas, o veículo se demonstrará muito lerdo quando o motor gira baixo e se transformará num pequeno monstro quando o motor atingir a faixa de rpm ideal.


De olho nos “P”s da questão...
É imprescindível ressaltar que a potência de um motor sempre deve ser relacionada à quantidade de peso que deve ser deslocado: a paridade de força, 10 cavalos puxando uma carroça que pesa 10kg conseguirão atingir velocidades mais altas e mais rapidamente do que os mesmos 10 cavalos puxando uma carruagem de 200kg, não é mesmo? Isso é o que chamamos de relação Peso/Potência, ou seja, a quantidade de peso que cada CV de potência do motor deverá deslocar. Para obter a relação Peso/Potência de um veículo, basta dividir seu peso total pela potência do motor: por exemplo, os dados da ficha técnica do Citycom 300i trazem peso de 182Kg potência de 23cv; dividindo 182 por 23 obtemos 7,91, que significa que cada CV de potência é responsável por deslocar 7,91Kg de peso.
Para se ter uma idéia, o Suzuki Burgman 400 pesa notáveis 211Kg e possui 34cv de potência, retornando uma relação Peso/Potência de 6,2kg por cavalo (211 ÷ 34 = 6,2), melhor que a do Citycom. Já a Yamaha Fazer 250, com seus 137kg e 20,7cv, possui relação Peso/Potência de 6,6kg/cv, isto é, embora o Burgman 400 seja muito mais pesado e bem mais potente que a Fazer, suas relações Peso/Potência estão tecnicamente empatadas, resultando em desempenho muito semelhante e, no caso do Burgman, a maior cilindrada e o maior peso resultam em consumo de combustível significativamente mais alto.
De modo geral, quanto menor o peso que cada CV deve deslocar melhor o desempenho e menor o consumo do veículo. Isso explica o porquê do uso de materiais leves como fibra de carbono e alumínio em carros de corrida para tentar reduzir o peso beneficiando rendimento do motor, o que afeta diretamente desempenho e consumo.

Citycom 300i & Cia.


Agora que sabemos um pouco mais sobre torque, potência e relação peso/potência vamos dar uma olhadinha no Citycom 300i e nos seus concorrentes diretos e indiretos comparando os respectivos dados na tabela abaixo.


Citycom 300i
Burgman 400
Fazer 250
CB300R
Torque máximo
2,35 kgfm
3,63 kgfm
2,1 kgfm
 2,81 kgfm
Rotação de torque máx.
5.500 rpm
5.800 rpm
6.500 rpm
6.000 rpm
Potência máxima (CV)
23
34
20,7
26,5
Rotação de potência máx.
7.500 rpm
7.300 rpm
8.000 rpm
7.500 rpm
Peso (kg)
182
211
137
143
Relação Peso/Potência
7,9 kg/cv
6,2 kg/cv
6,6 kg/cv
5,4 kg/cv


Nota-se que o peso elevado do Citycom resulte numa relação peso/potência mais desfavorável em relação aos demais. Mesmo considerando a possibilidade de o maxi scooter da Dafra ser mais leve (169 kg aferidos pela Revista da Moto – M! em outubro/2010), o valor continua na casa dos 7kg/cv, bem acima de Burgman, Fazer e CB300R. A pequena esportiva da Honda apresenta bons valores de torque, potência e peso, o que resulta na melhor relação peso/potência do lote avaliado.
É interessante observar como Citycom e Burgman ofereçam sua força máxima já a 5.500 rpm e 5.800 rpm, respectivamente (regimes de rotação baixos por um motor monocilíndrico), enquanto os concorrentes precisam acelerar mais: na Fazer o pique de torque só aparece com o motor a altas 6.500 rpm e na CB300R apenas 500 rpm antes. Na prática isso significa que para se obter força no Citycom e no Burgman não é necessário “esgoelar” e o motor trabalhará sempre mais “em baixo”, já nas duas motos Honda e Yamaha teremos de manter o motor mais “alegre”.
Quanto à potência, temos valores bem próximos nas 250/300 e bem mais alto na Burgman 400. Com tudo, o valor máximo aparece “lá em cima” em todas, com o motor girando acima das 7.000 rpm (8.000 na Fazer).

Espero ter sido claro como gostaria e ter ajudado a derrubar alguns mitos e abrir a mente dos leitores ao examinar as fichas técnicas de carros e (melhor) motos.



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Obrigado pela leitura! Até a próxima!
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