20 de abril de 2013

A danada...

Olá pessoal!

Já faz algum tempo que não posto uma daquelas histórias bacanas sobre minhas aventuras no trânsito com o Citycom. De fato, de um tempo pra cá o Trovão Azul mudou de dono, visto que minha esposa passou a utilizá-lo diariamente para ir ao trabalho e voltar e eu – morrendo de ciúme, diga-se de passagem – fiquei com o carro.


Observação: ao contrário do que muitos pensam, eu jamais trocaria a moto pelo carro, nem mesmo em dias de chuva, pois quando assumo o volante das quatro rodas acontece comigo um tipo de transformação de Dr. Jackyl  em Mr. Hyde e assim, de pacato cidadão me transformo num monstro de impaciência e intolerância a barbeiros e afins.Fato está que a logística familiar nos levou à conclusão que essa seria a melhor solução para conter gastos com combustível e manutenção...

Minha cobiça se satisfaz uma vez por semana, nos dias de folga da minha amada companheira (não, não a moto...), quando finalmente posso pegar o Citycom e matar a saudade.

Foi num desses dias que me deparei com uma situação paradoxal e ao mesmo tempo muito divertida. Estava indo ao trabalho quando, parado num semáforo da Avenida Portugal, percebi que um senhorzinho de uns 65 ou 70 anos de idade observava o scooter do alto da sua D20 cabine dupla bege com uma expressão que era uma mistura de curiosidade e espanto. Estava na cara que o homem segurava para não falar nada e eu fiquei na minha, só observando de “rabo de olho”.

Assim que o sinal ficou verde acelerei fundo e saí na frente mas, poucos metros depois, outro sinal vermelho me obrigou a parar, e lá veio de novo a D20 bege encostar ao meu lado. O velhinho olhou mais um pouco, trocou algumas palavras com a mulher sentada ao lado dele, deu mais uma boa analisada no Citycom e, já sem conseguir se segurar, me disse: “Moço, ó... pó ficá tranquilo que sou trabalhador e não quero te assaltar não... mas... tem como ocê dá uma paradinha no posto lá na frente?” 
Sinceramente, fiquei sem saber o que fazer. Nem tanto por medo, quanto porque estava em cima da hora e não podia chegar atrasado à reunião de trabalho que me esperava. Em fim, porém, a curiosidade de saber o que aquele senhor queria me venceu. Fiz um sinal de positivo com o polegar e disse a ele “Sem problemas!”. No sinal verde dei uma boa arrancada e, como combinado, parei no posto.

O velhinho, que dentro da D20 parecia menor ainda, encostou a camionete, falou algo com a mulher dentro do carro (algo do tipo “é rapidinho...”) e desceu.
Eu tirei o capacete, deixei a moto ligada e fiquei observando a valentia dos passos daquele homem que, muito provavelmente, deve ter muito mais força e disposição do que esse que vos escreve. Chegou à minha frente e quebrou o gelo dizendo: “Bão?”. “Bãão!”, respondi eu. E a partir daí iniciou o diálogo...

“A danada anda hein!”
Eu dei uma risada e respondi - “Eh, anda bem”.
“É Honda?”
- “Não”
“Yamaha”
- “Também não”
“Então é o que?”


Cabe aqui uma ressalva: dei um desconto ao velho senhor, pois entendo que na visão dele ainda devem existir apenas essas duas marcas. Já não entendo esse tipo de pensamento nos meus coetâneos e nos mais novos...

-“É da Dafra” – disse eu.
“Quem?”
-“Dafra, uma marca relativamente nova no mercado brasileiro...”
“Nunca ouvi falá... mas parece boa né?”
-“É sim... bom, pelo menos eu nunca tive problemas.”
“Mas ó... ocê tem que tomá mais cuidado viu, porque o jeito que cê sai no gás aí é perigoso!”
-“Verdade... mas é bom!”
“É bão! Eu sei que é bão! Eu já andei de moto demais! Tive aquela Turuna... ô moto boa aquela!... Tive uma RX da... da Yamaha. Ah também já tive uma XLX... mas já era véio...”
-“Então o senhor sabe como é bom andar de moto né?”
“Ô... se sei! Aí depois que eu cai fêi a mulher mandou me desfazê da moto e nunca mais andei...”
-“Eh... e o senhor deu conta de ficar sem moto?...”

O homem deu uma risada “meia boca” que respondeu à minha pergunta sem precisar de uma palavra sequer. Depois desconversou....

“Mas essa sua aí é diferente demais!” – e depois de dar uma boa analisada perguntou: “Passa de marcha de que jeito? É na mão, que nem Vespa?”
-“Não... essa é automática, faz tudo sozinha! Rsrsrsrs”
“Ahhhh deve sê que nem essas camionete de hoje em dia que até criança dá conta de dirigir...”
-“Eh, mais ou menos por aí... rsrsrs”
“Aí eu já não vejo graça...  ... E ela é importada?”
-“Não, é montada aqui no Brasil mesmo... Mas o fabricante mesmo é oriental, de Taiwan”
“Uhm... tá certo... escuta... ocê se importa se eu sentar nela?”
-“Imagina! Claro que não, só cuidado porque se acelerar ela vai, não tem ponto morto.”
“Uai, como assim, não tem como desengatar não?”
-“Não... é direto mesmo”
“Má vixi rapaz... dessa eu nunca tinha visto”
-“Mas se o senhor quiser dar uma volta...”
“Tá doido?! A velha lá no carro vai enfartar! Hahahahahaha!”
-“Hahahaha...”
“Nossa... confortável hein... bancão grande... largo... Essa deve ser boa pra viajar! Me lembro quando ia pra Bela Vista na de moto... Chegava lá arrebentado!”
-“Eh... é outra coisa mesmo... ... Qual é o nome do senhor mesmo?”
“Vicente, e o seu?”
-“Fabrizio... Sr. Vicente desculpa, mas tenho uma reunião e já estou atrasado...”
 “Ô rapaz, vai lá... A gente acha que é todo mundo igual nois que num tem pressa pra nada né? Hahahah”
-“Pois é... Hahahaha!”
“Ó, muito obrigado viu Fabrício, desculpa te enrolar...”
-“Que nada, foi um prazer”
“Ô Fabrício, ocê me faz uma gentileza?”
-“Diga!”
“Só pra mostrar pra véia lá... Dá uma acelerada daquelas quando for sair... Vivo falando pra ela que moto é bão de mais!”
-“Claro Sr. Vicente! Abraço!” – nesse momento pensei no alerta que ele mesmo havia me dado uns minutos antes sobre sair “no gás”, mas deixei pra lá.
“Abraço!”

Enquanto colocava o capacete só escutei o velho Sr. Vicente dizer à mulher: “Á lá, Á lá... olha o jeito que vai embora!”

Com certeza o Sr. Vicente não irá comprar um Citycom, mas percebi nitidamente nos olhos dele que morreu de vontade de experimentar. Quem sabe em outra ocasião, sem a “velha” esperando no carro, ele anime.

Moral: cheguei uns 15 minutos atrasado para a reunião, mas o Trovão marcou presença mais uma vez (rs).


Até a próxima!
(favesi@gmail.com)


12 comentários:

Unknown disse...

Po cara, ai vc errou muito feiooo, falar q a moto é coreana???
Ta de brincadeira, ela é TAIWANESA, por favor né

Fabrizio disse...

@Magnus

Pô cara, errei feio mesmo! O pior é que já disse e escrevi que é taiwanesa muitas vezes e até já fiz sua mesma observação num post de outro blog.

Foi mal... vou corrigir o a postagem.

Obrigado!

Fabrizio disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fabrizio disse...

Observação:
O comentário do Magnus deve-se ao fato de eu ter escrito, no decorrer do diálogo, que o Citycom é coreano, um erro grosseiro devido a falta de atenção.
Após corrigir a postagem e responder ao Magnus estive pensando se para o Sr. Vicente eu disse mesmo que o Citycom é da Coreia, mas acredito que não...

De qualquer forma, vale uma consideração: críticas, correções e observações são sempre muito bem-vindas, desde que feitas com respeito e direcionadas com educação e linguagem apropriada.

Obrigado.

Unknown disse...

Desculpa se fui meio grosso, mas sabe como é né, tbm tenho uma citycom, o meu sangue taiwanes falou mais alto

abraço

Fabrizio disse...

@Magnus

Não ha de que se desculpar!
Como disse, eu também já "esquentei a cabeça" quando, numa comunidade do falecido Orkut, li que o Citycom era "o mais novo scooter chinês da Dafra" (e olha que "chinês" era uma meia verdade...).
Abraço!

André Sto. André disse...

Cara, que saudades de ler o seu blog... com essa história do velhinho, senti como se eu estivesse lá com vc! Como é gostoso ouvir a "antiga geração" se espantar com a nossa e jogar um pouco de conversa fora. Bem, ainda estou distante de comprar a city, afinal, filho pra entrar na faculdade, filha pequena, etc, etc.
Bem, por acaso vc chegou a ver que a Honda pretende lançar a PCX 150? Talvez essa seja minha próxima, não sei. Só sei que eu tinha que postar que vc foi muito, mas MUITO GENTE BOA em parar para o velhinho. Continue assim, seu blog é demais.
Abraços

alissoncamargos@hotmail.com disse...

Parabéns pelo blog!

marcelo disse...

Olá, estou pensando em comprar a Citycom mas gostaria de uma moto com ABS. Eu tive uma Ninja 250 que qualquer toque no freio travava a roda, o que me parecia bem perigoso. Você sente isso na Citycom?

Fabrizio disse...

@ Marcelo
Olá Marcelo!
Bom, a traseira do Citycom, assim como a dos scooters em geral, é bem mais pesada que a das motos, o que a mantém mais presa ao chão. De qualquer forma é normal que em frenagens rápidas a transferência de peso para a dianteira faça a roda traseira travar sem o auxílio dos sistemas ABS. Nesses casos dosar a força no pedal do freio é essencial...

china disse...

Olá, sou mais um seguidor desta grande promessa.Hoje acabei de fechar negocia trocando a minha "tiririca" lead 110 por uma city300.
Há tempos que busco informações sobre a marca dafra e em especial pelo city300.Li diversas postagens suas, bem como de muitos outros. Muitos favoraveis e agora bem poucos desfavoraveis a respeito da city.Vamos lá decidi apostar, mesmo pq realizei um test drive com ela e foi apaixonante. O duro foi vir embora pra casa com lead até 3ª feira data prometida para entrega.Mas parabéns pelo blogue, se permitir vou postas minhas futuras experiencias tambem e com certeza todas dificuldades e soluções adotadas.

Unknown disse...

kkkkkkkkk...
Essa foi boa!!!
De citycom é comum perguntarem alguma coisa no semáforo já estou ate acostumado, mas pedir pra parar comigo nunca aconteceu.
Abraço!!!
Silas Souza