8 de dezembro de 2010

Crônicas de uma derrota: a Citycom, a Bros e o Quebra molas


Prólogo...
Aparecida de Goiânia, interior de Goiás, praticamente uma extensão da Capital do Estado. População motociclística composta em sua grande maioria por GCs, YBRs, Twisters, Fazers e semelhantes. Scooters? Uma meia dúzia de Burgman 125, algumas Neos - a Neo é scooter, não cub - e uma o outra Lead.

Panorama viário muito diversificado: algumas ruas e avenidas parecem coisa de primeiro mundo de tão lisas e bem cuidadas, outras lembram as ruas empoeiradas das cidades dos filmes de faroeste norte-americanos da década de 80, outras ainda se assemelham ao cenário de uma cidade após um bombardeio de tão grandes as crateras no asfalto (principalmente em época de chuva).
É nesse cenário que a história acontece...

A história...
Como todos os dias, percorria com tranquilidade o caminho que separa as duas sedes da empresa onde trabalho; caminho que inclui um trecho do chamado “anel viário”, caracterizado por uma série de descidas e subidas que se repetem por alguns quilômetros.
O asfalto - vezes bom, vezes ruim - não perturbava muito as suspensões da minha Citycom, que demonstrou digerir bem a pavimentação irregular da pista.

Mantendo uma velocidade justa – mas acima dos limites permitidos pela lei em perímetros urbanos – me preparava para enfrentar a primeira das descidas, quando vejo no retrovisor um farol se aproximando rapidamente e com ar ameaçador. “Tudo bem” – pensei – “mais um desses complexados que não admitem a desonra da ultrapassagem e quer se vingar... Deixa pra lá”. E assim fiz: ele passou, lançou aquela olhada desafiadora e esgoelou a pobre Bros 150 na qual estava montado para abrir boa distância entre nós.

Eu continuei na minha, firme aos 95 km/h mesmo na descida. O fato é que ao iniciar a subida a Bros perdeu velocidade – como é normal por se tratar de uma 150 – enquanto eu abri um pouco mais o acelerador e continuei com os meus 90-95 km/h. Impressão minha ou não, juraria ter visto o piloto da Bros soltar fumaça pelos olhos quando passei por ele.
Centenas de metros depois mais uma descida e, de novo, o brilho do farol da Bros se aproximou a toda velocidade e mal tive tempo de ver a pequena enduro vermelha me ultrapassar. “Esse cara deve estar brincando” – pensei comigo, mas como estava sem pressa nenhuma deixei o racha de lado e apenas balancei a cabeça para os lados em sinal de desaprovação pela atitude do condutor da Honda.

Mais alguns metros, mais uma subida, mais uma vez o torque da Citycom me permitiu subir mantendo a velocidade sem problemas. Dessa vez o piloto da Bros nem sequer saiu da pista da esquerda, como para dizer “Jamais me ultrapassarás, ó seu infame cavaleiro! Quem és tu com esse cavalo bastardo para derrotar um puro-sangue legitimamente afro-japonês?!”.
Nada fiz, além de me deslocar par a pista da direita e ultrapassar de forma incorreta e punível pelo código brasileiro de trânsito, o que, aliás, aqui em Goiânia é de praxe pois todo mundo usa a pista da esquerda o tempo todo – até parece uma colônia Inglês –.
Pouco depois da última subida o momento do clímax: um semáforo vermelho! O homem da Bros chegou lá poucos segundos depois de mim e, obviamente, parou ao meu lado colocando a roda dianteira da sua moto quase perfeitamente alinhada com a minha, bem ao estilo “Velozes e furiosos”.
O sinal abriu e eu saí na frente mas... – música de suspense – ... o imprevisto: um maldito quebra molas bem na minha frente.

E aí meu irmão, não tem scooter que passe por ele ilesa. Tive que reduzir a velocidade para não causar estragos à minha querida Citycom.

Epílogo...
Ah como queria contar só coisas boas... Histórias em que a Citycom sempre vence e deixa todo mundo para trás...  Mas infelizmente nem sempre os contos têm um final feliz.
E assim assisti impotente à Bros 150 passar pelo quebra mola veloz, com um salto ágil e indolor como se ela tivesse nascido para aquilo – sei bem a sensação que se prova ao saltar um quebra molas, pois na era “Falcon” já fiz isso muitas vezes... –.

Mas a Citycom é “bicho urbano” e não adianta exigir que se transforme numa faz-tudo.
Saboreei o gostinho da vingança minutos depois, quando começou a chover: pára brisa me protegendo, carenagens ao meu redor, pés ao reparo da água...
Imaginei o piloto da Bros 150 encharcado até a cueca... e gostei.




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Obrigado pela leitura! Até a próxima!
(favesi@gmail.com)

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12 comentários:

Daniel Mambrini disse...

HEHEHE é engraçado mesmo, "os Caras" de moto não aceitam uma scooter na frente... esguelam o quanto for necessarío mas tem que passar...eu dou risada.... esses dias vi uma XTZ nem sei a cilindrada, arancando forte ao lado de uma B400....
Como vc disse "sai fumaça dos olhos"..

Até Mais

Anônimo disse...

Dei muita risada com o seu relato, muito bom.

Mário Sérgio

Fabrizio disse...

Valeu galera! O pior é que, dramatização a parte, a história é 100% verídica! rsrsrs

Alexandre Goes disse...

Fabrizio ótimo Blog!!! Tem me ajudado bastante nas minhas dúvidas!!! Mandou muito bem!!!
Abraços e continue escrevendo!!!

Anônimo disse...

É, o que vc passa com a Citycom, eu passo com a Lead, os caras com CGS e YBR da vida ficam de olho quando se para no semáforo, aí acha ue vai sair rasgado e toma surpresa, só vai passar depois na veloc.final.

A boa da sua é que além disso tem a velocidade final, os caras devem ficar pê da vida.kkkkkkkkkk

Abraços.

Wilson Belarmino

Ronaldo disse...

Cara, legal o seu blog.
Eu sou de São Paulo e tenho burgman 125 e fiquei interessado na citycon. Não sei se você ja teve scooter pequena, mas se teve, seria legal voce botar um comparativo de como é dirigir as 2 no transito, embora creio que na sua cidade não haja transito, pelo menos não como o daqui de SP. Eu fui ver a moto de perto e fiquei imaginado como seria andar com ela no corredor de carros, ou se é tão facil se enfiar com ela onde a gente se enfia com a 125 ... Coisas desse tipo ... Gostaria de fazer um test drive, mas duvido muito que alguma concecionaria tenha alguma para esta finalidade.

abs.

Fabrizio disse...

Oi Ronaldo!

Bom, quanto ao comparativo "scooter pequena x maxi scooter": já tive uma scooter pequena sim, há muito tempo quando morei em Roma ma Itália. Vou escrever alguma coisa sobre isso pois muitos outros já me perguntaram sobre isso.
Sobre o test-drive, aluga o pessoal aí. Diz que vc quer comprar mesmo a moto mas que só falta uma voltinha nela pra tomar a decisão (vai funcionar... rsrs).

Abç.

Adriano disse...

Fabrizio! Parabéns pelo blog! E pelo estilo "scooter" de escrever!

Sou um defensor incansável da moto como meio de transporte urbano, e em especial das scooters, por todos os motivos que conhecemos tão bem!

Você questiona se a Neo é scooter. Sim! Claro! E não é só por que piloto (e adoro) uma! Afinal, câmbio CVT, pés protegidos e bagageiro sob o banco fazem a bichinha ser scooter, certo? E as rodas de 16 pol. (como na Citycom) fazem dela uma "scooter de rodas grandes", o que pra mim só melhora a brincadeira, especialmente no nosso des-pavimento. Alguns dizem que a Neo é uma CUB, pelas rodas grandes. CUB é Biz, Sundown Web, Crypton e outras coisas chinesas do tipo, que entregam algum (pouco) conforto a baixo custo!

De novo, parabéns pelo Blog e saudações de Sampa!

Abraços, Adriano

Fabrizio disse...

Olá Adriano!

Concordo com você quanto à classificação da Neo na categoria das scooters. Coloquei aquela ressava na postagem pois muitos sites e diversas revistas que li a enquadram na categoria das Cubs (apesar de não ser). Aliás, basta dar uma olhada em qualquer revista ou site europeu - onde o leque de opções de scooters é 100 vezes maior que o nosso - para ver que existem dezenas de scooters semelhantes à Neo.

Valeu a observação cara!

Fabriio.

CYRO JANNOTTI disse...

Peguei a minha (azul) no sábado, 11/12. Eu tinha uma Honda Lead, que é bem levinha e fácil de manejar. Estranhei um pouco o peso, de início, mas logo me acostumei.
Repondo ao Ronaldo: ela é bem mais pesada do que a Burgman e Lead, porém é muito fácil de pilotar. O corredor entre os carros de São Paulo você vai tirar de letra, como se estivesse com uma Falcon.
Como tenho o hábito de ler mas manuais de meus veículos, observei na página 38 que existem 4 regulagems para os amortedores trazeiros. No sentido horário regula-se para ficar mais macio, no anti-horário, o contrário. Observei que a minha (e todas as de fábrica) stava na regulagem 3. Passei na oficina de um amigo e ele regulou para a posição 4 (é preciso uma chave especial). Nitidamente ficou mais macia. VAI AÍ A DICA.
Cyro Jannotti (Niterói-RJ)

J. Camargo disse...

Querido fabrizio...

Cara adorei seu blog e gostei muito dos coomparativos , tenho uma Honda Bros , quando comprei iria comprar uma dafra laser , mas desisti devido a situaçao do asfaltica de minha cidade ...
Adoro o estilo Scooter , é bem civilizado e urbano ... ainda nao conhcia a citycom... mas fiquei impressionado com os relatos...

E confirmo realmente as scooters tem mais torque na arrancada que a bros já tomei pau de dafra laser e burgman... so perde na final ... mas no xiste nada pior que parar civilizadamente no farol e alguem com alguma cg, fan e outras 125 tentar disparar como velozes e furiosos... isso muito engraçado!!!!

No entanto vou conhecer a citycom estou a procura de algo confortavel para mototurismo estou encanctado com isso

Abraços to ai lendo seu blog diariamente...

Nao pare continua contando as experincias das ruas (transito)

Fabrizio disse...

@Detetive Camargo

Oi! Muito obrigado pelos elogios, isso me deixa animado para continuar escrevendo... rsrsrs
Olha, em caso de ruas com muitos buracos a Bros é campeã, já andei numa dessas novas (mix) e adorei o jeito que ela passa pelas irregularidades do asfalto. Já scooter... bom, aí é mais complicado. Por outro lado, do ponto de vista da praticidade, scooters oferecem mais proteção, mais espaço para carregar tralhas e o conforto do câmbio automático. É questão de exigências e gosto. Num trecho de 145km perfeitamente sfaltado da BR153 aqui em Goiás a Citycom foi excelente.